de pé encaro o pavor de estar indelimitada. não há fronteira entre eu e o que está fora de mim.
sou uma subjetividade sem forma.
sim, terei a coragem não inventar alguma de antemão. que ela se estabeleça como uma crosta que por si mesma endurece.
rígida e sem fôlego.
mal disposta e mal colocada. inadequada, partida, parida.
.:.
resignada sei que dessa avalanche há que de emergir algum sentido.
e desses cacos, pedaços e retalhos restará uma sobrevida.
sábado, 31 de outubro de 2009
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
na ida daqui até ali tropeço nas mais obtusas obviedades.
no peito a vontade de crescer dez metros e explodir. e a incômoda sensação de cordas e nós tensionados à minha volta é inevitável.
[é o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é a doce herança itabirana.]
- drummond -
.:.
o estado febril passou.
o que resta agora é o cansaço do corpo doente.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
depois de dias de tremor [de terror] pude, finalmente, entender que a calma tem sim uma dimensão temporal.
vez por outra, em momentos latejo agudo, do ardido e inconstante pulsar, admitir a íntima e quase promíscua relação entre a calma e o passar do tempo é como uma batalha aberta.
mas, repentinamente, por efeito do [re]fazer-me e do próprio tempo, essa relação me pareceu natural como abrir os olhos e ver.
do tempo sempre entendi pouco.
do tempo sempre aceitei pouco.
é chegada a hora, pois, de me reconciliar com ele.
[sempre gostei de arrumar. suponho que esta seja a minha única vocação verdadeira. ordenando as coisas, eu crio e entendo ao mesmo tempo. (...) arrumar é achar a melhor forma.]
. a paixão segundo g.h. .:. clarice lispector .
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
sábado, 17 de outubro de 2009
a quantidade de ruidos só me deixa mais confusa. som da tv, a agitação da criança, a conversa na cozinha e o ronco da mãe no sofá. preciso de silêncio. a sensação é de tempestade, terremoto. isso por fora.
por dentro tudo é nublado. constante ressurgência de sentimentos incompletos.
.:.
[finalmente encontrei uma definição. estranho que tenha sido tão natural pensar nisso agora.
o dia todo tentei definir e agora surgiu de repente.
é isso! o que sinto são sentimentos incompletos. não há tristeza que me faça chorar, nem incômodo que faça com que eu me mova.
me sinto lacônica e simples. mas preciso [me] encontrar.
não há caco, nem pedaço, nem retalho que preencha essa grave lacuna.]
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
não sei dizer do todo. não sei dizer da totalidade nem da completude.
mas me reconheço em cada caco, em cada pedaço de mim (!), em cada metade, terço.
retalhos diferentes, mal cortados que só assim poderiam me formar maltrapilha, mil trapilha.
cacos, pedaços e retalhos que todos juntos são maiores do que eu. não posso suportar o peso daquilo que não [me] cabe [em mim]. por isso preciso me contar, nos jornais, no mundo e nas livrarias. preciso de todos.
preciso sobretudo retomar um antigo hábito de me organizar em palavras.
tentar traduzir em fórmulas simples coisas que às vezes nem é possível dizer.
é preciso assentar. é preciso retomar a tranqüilidade.
é preciso ordenar o que há por dentro.
agora só vejo os cacos. agora só vejo os pedaços.
e retalhos.
é preciso retomar a linha, o norte, o rumo.
que comece o corte e a costura.
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