segunda-feira, 24 de maio de 2010




nós dois no quarto: meu cachorro e eu. lá fora, a tempestade uiva, desenfreada, assustadora.
o cachorro está sentado à minha frente - e me olha direto nos olhos.
eu também olho para os olhos dele.
parece que quer me dizer alguma coisa. é mudo, sem fala, nem entende a si mesmo - mas eu o entendo.
entendo que neste instante, nele e em mim, vive o mesmo sentimento e entre nós não existe a menor diferença. somos idênticos; em cada um, arde e brilha a mesma chama, pequena e trêmula.
a morte virá voando, vai abanar sobre essa chama suas asas frias e largas ...
e fim!
depois, quem poderá distinguir que chama ardeu em cada um de nós?
não! não são um animal e um homem que se olham ...
são dois pares de olhos idênticos, concentrados um no outro.
e em cada par de olhos, no animal e no homem, a mesma vida assustada tenta se agarrar no outro.

. o cachorro . ivan turguêniev .


.:.


sobre a amelie eu falo em primeira pessoa:
quantas saudades eu sinto de vc, alma-minha!

nesse mundo-cão que falta faz suas lambidas, os latidos e o olhar pidão ...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

ah, novidade!

de um lado sou carnaval, de outro fome-total
qualidade rara, deusa maia, fartura de baleia.




eu quero é novidade, dessas muito novas,
dessas inéditas!




.:. a novidade .:. gil .:.

sábado, 1 de maio de 2010

era assim: meio oiticica e um pouco caetano.
tropicália e artes (às vezes marciais e, nas outras, um tanto banais).

se pudesse condensar numa formulação a síntese do que sentia seria assim:
inadequação e não-pertencimento em relação àquilo que lhe rodeava.
se reconhecia só naquilo que era.


.:.